Eu trabalho no cú do mundo, mas tenho sentimentos e pensamentos...
Meus colegas são servomecanismos , sem alma, sem sentimento, cegos subservientes.
Encontrei o filósofo Rampensá nos corredores do trabalho, também com um olhar de estranhamento, mas ele tinha as bochechas rosadas e aquilo me chamou a atenção.
Fui me aproximando aos poucos, com medo da reação daquele ser.
Quis o destino que trabalhássemos juntos, numa sala comum. Começamos conversando sobre a o andamento de processos, a melhor doutrina, a melhor jurisprudência, etc. Estava aberto o diálogo.
Em pouco tempo já não havia segredos entre nós. Risos e palavrões já faziam parte da nossa rotina. Entre pareceres, cigarros e olhares de estranhamento dos outros colegas, riamos e filosofavamos sobre a vida na terra e em outros planetas.
Posso dizer com segurança que Rampensá é um ser humano de verdade, de carne, osso e alma.
Ao longo de anos escrevendo um para o outro, encontramos o melhor termo para nosso destino: ser pornofilósofos!
